Nostalgia
Demoraram três meses para fazer o inventário de nossa mãe. Havíamos nos reunidos na porta de casa dela, nosso lar de infância, criando coragem para entrar, imaginando quais sentimentos viriam à tona.
Lá dentro, estava tudo silencioso, escuro, empoeirado, inerte. Fui o primeiro a sentir um cheiro de perfume. O perfume dela. Um cheiro de um ensopado. A receita dela. O cheiro de suas orquídeas, que deveriam estar secas.
Diário de Bordo, Data Estelar 45024.242
Nossa nave havia sido invadida. Os sensores internos pareciam ineficazes contra a camuflagem de nosso intruso e possivelmente espião. Não o detectamos por radiação, varredura de DNA, movimentação, nem pelo avançado sensor infótico-temporal, emprestado pelos Kuls. Nenhuma tecnologia aliada parecia eficaz.
Só descobrimos sua localização no Deck 5 uma semana depois. Aparentemente, durante sua inesperada estadia conosco, nosso visitante esqueceu de tomar banho e se precaver de seu mau-cheiro.
Intoxicação
Ele colocou o lixo para fora, e após entrar, tomou o cuidado de fechar o portão da garagem. Desligou as luzes ambiente, o som do rádio. Guardou todas as ferramentas bagunçadas em seus devidos armários e tirou o pó das prateleiras.
Deixou todos os vidros do carro aberto. Deu a partida no motor. Reclinou e se acomodou na poltrona do motorista. Esperou o gás carbônico se espalhar pelo ar.
*Um três-seis-nove é um trabalho muito curto que consiste de três histórias de exatamente sessenta e nove palavras cada. As histórias são todas escritas para um tema comum, e cada uma tem seu próprio título. A peça como um todo também tem um título : Bruce Rogers
Deixe um comentário